Hoje, olhando para minhas mãos, senti como se elas não fossem minhas. Apesar de compreender, num esforço de raciocínio, que sob a pele meus ligamentos ainda uniam os ossos cárpicos aos do antebraço, era como se a anatomia sozinha não conseguisse mais dar sentido a elas, que continuavam ali como sempre estiveram, mas sem a noção de que me pertenciam. Um pouco estranhamente, não houve nenhum desdobramento dessa situação, e passado poucos instantes eu recuperei a propriedade das minhas falanges. Entretanto, eu tive medo de olhá-las novamente e perceber que, irremediavelmente, não haveria mais nada ali além de pele e osso, músculos e cartilagem: a sensação espacial de uma mão alienígena.
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